Zé Carreiro e Carreirinho Zé Carreiro e Carreirinho - Lobisomem

Foi por boca de um baiano que eu fiquei bem informado
De um causo assombroso que se deu no seu estado
Morava em Vila Velha um moço muito alinhado
Que por toda redondeza era bem considerado
Por ter boa posição e ser filho do delegado

De todas as moças que tinha o seu sonho adorado
Foi a filha do prefeito que caiu no seu agrado
O grande acontecimento por todos era esperado
Porque faltava dois meses para ser realizado
Na igreja do lugar seu casamento marcado

Foi nesse meio de tempo que surgiu no povoado
Causando diversos danos um bicho desfigurado
Tudo quanto era podre por ele era findado
Dizia ser lobisomem porque tinha atropelado
A tal filha do prefeito que voltava de um bailado

A moça ficou doente do grande susto levado
Não comia nem dormia em grito desesperado
Dizia que estava vento aquele vulto ao seu lado
Três doutores em volta dela e não achava o resultado
Disso o noivo não sabia porque tinha viajado

O prefeito aborrecido combinou com o delegado
Formaram uma quadrilha de boiadeiro e soldado
Regulava meia noite estava tudo preparado
Dali a pouco aquela fera pulava dando uivado
Por se achar numa prisão de quatro laços trançados

No tronco de uma paineira ele pousou amarrado, ai
Quando foi no outro dia foram ver o resultado
Uns gritavam de pavor, outros caiam desmaiados
Por ver que aquela fera em gente tinha virado
E a pessoa que ali estava toda nua envergonhada
Era o noivo de Suzana, o filho do delegado